Reverenciando Oxalá

Primeira grande festa religiosa do ano.

As baianas vestidas de branco como a pureza, levam em penitência as quartinhas brancas preparadas de véspera, cheias de flores, água de cheiro e o Asé dos terreiros de Candomblé.

Me encanta a pretura e a mistura das gentes, na brancura das vestes do tempo do Rei Sol.

Me encanta a reverencia a  Oxalá.

Me encanta o orgulho e o rebolado das negras.

Me encanta o movimento das quartinhas apoiadas nas ancas das Iyawôs.

Me encanta o balangar dos colares e rendas. Panos da Costa sobrepondo as anáguas e roupas.

O caminhar acelerado dos devotos e charangas, batucam o rítimo do cortejo até o Alto da Colina, onde derramam a água, as lágrimas e alegria de ter completado o trajeto.

 

 Claro que vou...

Sertões secos da Bahia

Rodamos quase 1000Km nos Sertões da Bahia procurando os vaqueiros encourados, na lida da pega de boi na Caatinga, bem caterísticos da região, mas só achamos as vacas.

Vacas, bois, bezerros, todos mumificados pelo calor e secura do clima. 

Gado sem carne para alimentar seus donos ou os urubus, apenas couro e ossos, deitados de lado, sob o céu azul, no desespero da  entrega para um longo sono, algumas vezes entrelacados como quem espera a última ajuda do companheiro de destino.

Todos próximos da cerca de arame farpado, que impedia o saque e a entrada dos maus,  agora, sem nenhuma serventia, vez que não há gado ou plantação.

Os vaqueiros, meu Deus, os vaqueiros, como teria dito Fernando. Não vi nenhum encourado, por certo foram pedir a ajuda dos santos, possivelmente a São Paulo e seus canaviais, plantações de tomate e espigões.

Mais bóias-frias engrossando as fileiras da sorte e da Estação Tiete.

Sertão, muito sol e paisagens áridas!

Sertão, muito sol e paisagens áridas!

Muito sol e paisagens áridas, mas sol e sofrimento são medidas muito conhecidas do homem do sertão.

As poucas chuvas que caem tornam ainda mais sofrida a vida do sertanejo.

Continuo na estrada.

Abração,

Emídio Bastos