Os que trabalham no plantio, coleta,
beneficiamento ou transformação do agave sisalana
são gente de fibra, muita fibra, como o próprio sisal. O trabalho inicia ainda
pela madrugada, bem antes do sol nascer, quando a temperatura ainda é amena,
mas logo o tempo esquenta e às 11 horas só dá para trabalhar na
"ceva".
Trabalhar embaixo do sol forte do sertão é penoso e a renda é pequena. Normalmente o sisal é fruto da agricultura familiar e quando contratam alguém é para trabalhar na "ceva" alimentando a voracidade da "paraibana", porque de outro jeito não compensa. Tem que produzir os 450 kg de fibra por dia, senão é prejuízo na certa.
Para chegar na lida, não
precisa de estudo, só precisa de força, força para aturar o sol todos os dias, força
para não perder a mão na “paraibana”, força para conseguir sobreviver com
dignidade recebendo, às vezes, menos que o salário mínimo.
O "Caldeirão do
Boi Valente", ou simplesmente Valente, cidade da região do semiárido
baiano, da Bahia é conhecida como "A capital do sisal". Houve um
tempo que as “paraibanas” decepavam a mão de cevadores enquanto desfibravam a
folha.
Ainda hoje, não é incomum,
ver amputados trabalhando, porque o trabalho precisa ser feito. A corda que tecem é a mesma que amarra a vida de quem trabalha na fibra.
Nas cordoarias as
“paraibanas” cedem sua vez para as pneumoconioses, que enchem o pulmão dos
trabalhadores de fibras e mata lentamente os que não usam equipamento de
proteção. E assim vai a vida do sertanejo, homem de fibra. Fibra até no pulmão.
Muito legal teu blog, Emidex!
ResponderExcluirQue bom ter gostado, Fritex!
ExcluirAbração